terça-feira, 26 de junho de 2012


FINDHORN

Findhorn, para quem não conhece, é uma antiga vila de pescadores situada mais ou menos a 6 km de Forres, na Baía de Findhorn, no norte da Escócia. É uma "vila" pequena e pacata. Este foi o palco de vários acontecimentos que uniram 3 pessoas muito especiais: Peter Caddy, Eillen Caddy e Dorothy MacLean.
                             


Li um livro na última vez que estive em Findhorn em 2006 sobre a história deles, e vou tentar fazer um pequeno resumo:
Eileen Marion Jessop nasceu em Alexandria, no Egito, filha de pai irlandês, Albert Jessop, diretor do Barclays Bank e de mãe inglesa de nome Muriel. Foi educada em regime de internato em Inglaterra, indo ao Egito somente durante as férias.
Perdeu o pai com 16 anos, quando a família resolveu regressar para a Inglaterra. Aos 18, sua mãe faleceu também.
Em 1939 casou-se com Andrew Combe, e teve 4 filhas e um filho.
Quando estava com 35 anos, seu marido a apresentou para um colega oficial: Peter Caddy, que por ser atraído pelo mundo espiritual, fascinou Eileen. Nesta época, Peter Caddy era casado com Sheena Govan. Os dois se apaixonaram e Eileen não teve medo: contou ao seu marido o que estava acontecendo. Na época, Andrew não só a colocou fora de casa sem direito a nada, bem como a proibiu de ver seus filhos. Peter então, se separa de Sheena e os dois se casam em 1957 e têm 3 filhos.
Ao visitar um santuário em Aswell Lane, em Glastonbury (Sul da Inglaterra), Eileen ouviu pela primeira vez a voz interior que iria conduzi-la pelo resto de sua vida. Eileen designou essa pequena voz como seu Deus interior.
A vida do casal foi muito dificil, e trabalharam juntos em Cluny Hill, gerenciando um castelo que servia de hotel. Eileen seguia sua "intuição" e Peter era um executor, que confiava plenamente na voz interior de sua esposa, o que criou rumores na cidade sobre a forma como eles trabalhavam. Com o tempo, o dono do Hotel achou que isso não condizia com o negócio dele, e os despediu.
Depois de inúteis tentativas, pois não conseguiam outro trabalho, resolveram esperar que a adversidade amainasse. Juntaram todo o dinheiro que ainda lhes restavam, compraram um trailler e foram viver na Baía de Moray, no norte da Escócia. Lá havia um lugar perto de um acampamento para caravanas, denominado Findhorn. Um lugar inóspito, sem dúvida.

                     
                                           Fotos do trailler original

Como eram pessoas com conhecimentos espirituais , compreenderam que algum motivo deveria existir para essa mudança brusca de destino e moradia, e não desprezaram a oportunidade do isolamento obrigatório para prosseguir com seus estudos. Eileen, continuando com suas meditações diárias.
Quando a primavera chegou eles ainda em Findhorn e ainda sem emprego, resolveram trabalhar o solo para dele tirar seu sustento, mas o fariam sem colocar produtos químicos.
Possivelmente por serem totalmente inexperientes em jardinagem e horticultura , não tinham idéias pré-concebidas quanto à qualidade paupérrima do chão que, sendo composto de areia e pedregulho com uma fina camada de terra por cima, dificilmente se prestaria ao plantio de verduras! Puseram mãos à obra e começaram a preparar o local  para a horta.
Um composto foi criado utilizando produtos orgânicos naturais como capim apodrecido, estrume, algas marinhas, resíduos de cevada de uma destilaria vizinha, palha, etc.
Iniciaram a horta com repolhos, calculando que, se vingassem, pesariam em torno de 2 kg cada. O resultado foi desconcertante, pois alguns repolhos chegaram a pesar mais de 20kg cada! O grupo plantou 65 qualidades de verduras, 42 de ervas de cheiro e 21 de frutas.
Os resultados conseguidos começaram a ficar conhecidos e Findhorn foi visitado por um representante do Departamento de Agricultura que pediu licença para tirar uma amostra da "terra" . Quando a examinou imdiatamente declarou que precisaria de pelos menos 80 gramas de sulfato de potássio por metro quadrado. Caddy explicou que não empregava fertilizantes  artificiais ou químicos em Findhorn, ao que o digno representante do Departamento da Agricultura respondeu que os produtos "naturais" eram inadequados  para suprirem as deficiencias do solo. Enfim , levaria a amostra para ser examinada pelo  Departamento Técnico em Aberdeem. Seis semanas  mais tarde voltou trazendo o resultado da análise: não havia deficiências no solo. Perplexo, convidou Caddy a explicar num programa de TV quais os métodos adotados em Findhorn que tornava areia estéril em terra fértil!
A fama de Findhorn começou a correr o mundo e pessoas de todos os países os visitavam . Um pomar também foi formado e os que visitaram o lugar exclamavam que jamais haviam visto tanta abundância de frutas e verduras tão saborosas.
De início, Eileen ficou muito assustada com as pessoas que queriam passar a viver ali com eles, mas acabou mais uma vez confiando em sua voz interior, e aceitou de bom grado a ajuda delas. Com o tempo, uma comunidade se firmou, e depois de muitas transformações, hoje a comunidade é uma Fundação: Findhorn Foundation, uma associação sem fins lucrativos, cujos membros mantêm um modo de vida comunitária e de partilha. Foi uma das primeiras ecovilas a serem formadas, e hoje uma das mais importantes. Recebe, anualmente, a visita de quase 14.000 pessoas de mais de 70 países, com o objetivo de participação em workshops e retiros espirituais.
Dorothy deixou a Fundação em 1973, indo para a América do Norte, onde fundou uma organização educativa.
Em 1979, Peter Caddy abandonou a comunidade e separou-se de Eileen.
Eileen permaneceu na comunidade até 2006, ano em que faleceu. Quando estive lá em julho, ela ainda era viva, mas pouco aparecia na comunidade por já estar muito debilitada.
De acordo com os seus fundadores, Findhorn Foundation não impõe aos seus membros nenhuma doutrina ou crença formal, acreditando que a humanidade está envolvida num processo de expansão evolutiva da consciência, gerando novos comportamentos para a civilização, assim como uma cultura planetária impregnada de valores espirituais.
Um pouquinho de lá:



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